segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Curso tecnológico é bem aceito no mercado

Muita gente pensa que o curso tecnológico é um curso de nível técnico. Não é. Por lei, o curso tecnológico tem nível superior – embora sua duração seja de dois a três anos. Seu objetivo é o de formar especialistas em determinadas áreas.

Especialistas como Amanda de Oliveira. Ela não é médica, nem enfermeira. Mas cuida de vidas. Formada pela Faculdade de Tecnologia de Sorocaba (Fatec), no interior de São Paulo, a jovem de apenas 23 anos é responsável pela manutenção das máquinas de hemodiálise de um hospital da cidade.

“Aos 21 anos, eu estava formada e empregada”, conta a tecnóloga em saúde Amanda de Oliveira.

Os cursos tecnológicos estão atraindo mais interessados a cada ano.

“Mais de 10% dos alunos matriculados em cursos superiores no Brasil já estão fazendo cursos tecnológicos. É uma explosão, realmente. Hoje, estamos passando por um apagão de mão-de-obra. Temos uma falta de profissionais especializados para os próximos anos. O curso tecnológico forma o profissional mais rapidamente para o mercado de trabalho“, diz o especialista em cursos de Tecnologia, Fabiano Caxito.

“Eu queria que o emprego me procurasse, não eu correr atrás de um emprego. E foi o que aconteceu”, conta o tecnólogo em mecânica Leonardo de Carvalho.

Essa é a parte clara da questão. Agora, vamos à zona cinzenta. Muitos tecnólogos reclamam que as empresas, ao selecionar os candidatos, não estão dando ao tecnólogo o mesmo valor que dão ao bacharel.

O professor Fabiano Caxito fez uma pesquisa em 350 empresas de São Paulo para investigar a aceitação do tecnólogo no mercado de trabalho: “Existe ainda um grande desconhecimento por parte do profissional de recursos humanos sobre o que é o curso tecnológico”, aponta.

Na disputa conta um candidato que estudou em uma faculdade convencional, às vezes o tecnólogo sai perdendo.

“Se os dois candidatos não tiverem nenhuma experiência profissional anterior, ainda há uma escolha pelo bacharel”, diz o professor Fabiano Caxito.

O curso de tecnólogo não é recomendável para quem está há muito tempo em uma área e deseja partir para outra área, completamente diferente. Por exemplo: alguém trabalhou sete anos na área financeira e quer fazer um curso de gestão de marketing. Em uma situação assim, o diploma pesará pouco, porque a empresa sempre dará preferência a candidatos com experiência anterior em marketing.

O curso de tecnólogo também não é recomendável para jovens que estejam em dúvida quanto à carreira que desejam seguir. Nesse caso, o curso iria reduzir o leque de opções futuras de emprego. Seria melhor o jovem optar por um curso mais generalista, como economia ou administração.

Mas o curso tecnológico é altamente recomendável para quem já desempenha uma determinada função e deseja saber mais sobre ela. Aí sim o diploma vai se somar à experiência prática e melhorar muito o currículo.

É o caso de Maurício Alves e Eduardo Duarte. Os dois já eram técnicos em mecânica, estavam empregados e resolveram se especializar na Fatec. Hoje, ocupam cargos importantes em uma indústria de autopeças de Sorocaba.

“Sou responsável por uma linha de usinagem dentro da empresa”, conta Maurício Alves.

“Durante o curso, tive a oportunidade de viajar duas vezes para Europa e Canadá. A grande maioria dos meus colegas está empregada. Quem não está em empresa privada, hoje trabalha por conta própria e está muito bem”, comenta Eduardo Duarte.

Finalmente, existem cursos tecnológicos bons e outros não tão bons. Por isso, primeiro, o interessado deve verificar se o curso é reconhecido, no site do Ministério da Educação. Depois, deve avaliar se a instituição de ensino tem renome no mercado de trabalho. Isso também pesa bastante.

“Acho que a aceitação do curso tecnológico vai aumentar muito”, aposta Fabiano Caxito.

“Foi a melhor decisão possível. Eu estava no lugar certo, na hora certa, com o curso certo nas mãos”, avalia a tecnóloga em saúde Amanda de Oliveira.

Em resumo, a diferença entre um curso superior de cinco anos e um curso tecnológico é o tamanho do alvo. No mercado de trabalho, quem faz um curso mais longo poderá mirar em vários setores do alvo. Quem faz o curso tecnológico terá que acertar na mosca.

Para ver a reportagem completa do Fantástico no Youtube, clique aqui.

Para ler a pesquisa completa do professor Fabiano Caxito, clique aqui.

Um comentário:

Unknown disse...

Fala Francisco!!
Parabéns pelos artigos!

Tenho apenas uma observação quanto ao tempo de duração dos cursos de tecnologia e alguns comentários....

Existem cursos com duração de até 4 anos por ex: O Curso de Tecnologia em Mecatrônica industrial da Faculdade do Senai de São Caetano do Sul.

Embora existam ótimos cursos de técnologia, infelizmente ainda somos avaliados por pessoas que não sabem nada sobre a nossa área e sobre o que aprendendemos na faculdade.

infelizmente ainda somos tratados como se estivessemos cursado uma faculdade nova, ali da esquina com cursos de 2 anos e etc... somente por causa do nome = "TECNOLOGIA em" ou "TECNOLOGO EM"

Muitas empresas de recrutamento e seleção e principalmente as que possuem departamentos de RH, deveriam fazer uma reciclagem e orientar os seus colaboradores a avaliar até mesmo a grade curricular de cada curso e valorizar mais os profissionais. Infelizmente a Petrobrás é uma das empresas que não aceitam técnólogos, apenas engenheiros ou técnicos.... que tristeza!

Será que a Petrobras sabe que existem muitos tecnologos que dominam a ferramenta Catia???? coisa que muitos engenheiros se quer sabem que existe....

Adriano Fiorenzano